O G1 fez uma série sobre remédios moderadores de apetite e perda de peso, o prepador José Rubens D'Elia e o educador físico Mauro Guiselini deram dicas sobre como emagrecer de forma saudável fazendo atividade física.
Abaixo, você confere as respostas deles sobre os exercícios ideais para
diminuir os quilinhos extras e as dicas para quem não gosta de se
mexer, mas quer sair do sedentarismo. Além disso, os especialistas falam
sobre atividades indicadas para crianças e para obesos que optaram ou
não pela cirurgia de redução de estômago.
Quais exercícios emagrecem?
Preparador físico José Rubens D’Elia: Exercícios
aeróbicos combinados com musculação ajudam a reduzir o peso. A
musculação é importante porque acelera o metabolismo, aumenta a massa
magra e oxigena os músculos. Já as atividades aeróbicas indicadas são:
caminhada, corrida, bicicleta (ergométrica ou não), esteira, transport,
natação e aulas em grupo (como dança, jump e spinning).
Educador físico Mauro Guiselini: A musculação precisa
ser incentivada junto com a parte aeróbica, porque “segura” a
musculatura, ajuda a pessoa a não perder massa magra no emagrecimento e a
eliminar mais gordura.
Quanto de exercício é preciso fazer para emagrecer?
D’Elia: O ideal é fazer exercício aeróbico 5 vezes por
semana, por no mínimo 30 minutos. Essa é, inclusive, uma recomendação
da Organização Mundial da Saúde (OMS). Também é importante aumentar as
atividades diárias, fazer mais deslocamentos a pé, lavar mais roupa. E
tudo numa intensidade de moderada a intensa.
Guiselini: O mais importante é ter um débito calórico,
ou seja, consumir menos calorias do que você gasta. Se você perder de
350 a 400 kcal em cada exercício diário, ao final de dez dias terá
eliminado meio quilo de gordura.
Quais as dicas para quem não gosta de exercício?
D’Elia: Muita gente diz que não gosta de atividade
física porque ainda não experimentou todas, não as testou direito ou
teve algum “trauma”. É fundamental degustar, procurar algo que tenha a
ver com você e lhe dê prazer. Pode ser um exercício ao ar livre, por
exemplo. Indico sempre provar pelo menos três novas atividades por ano. E
é preciso ter paciência no começo: no mínimo, três meses para acostumar
seu corpo ao movimento e passar a gostar daquilo que você está
praticando.
Guiselini: Há pessoas que encontram prazer na dança de
salão, no pilates, na ioga, no tai chi chuan. Ou seja, não precisa ser
uma atividade “convencional”. Essas alternativas são a opção de milhares
de pessoas no Brasil, e muitas vezes servem para inseri-las também em
outros tipos de exercícios.
Qual é o erro mais comum de quem quer perder peso?
D’Elia: Com o exercício, a pessoa acaba sentindo mais
fome. E esse momento pode ser perigoso. Por isso, é preciso tomar
cuidado com excessos e alimentos engordativos. Outro erro frequente é
que, ao praticar uma atividade física, o indivíduo reduz suas atividades
diárias e fica mais sedentário, porque acha que já está fazendo
exercícios em um horário específico e não precisa se mexer mais.
Guiselini: Em um processo de emagrecimento, 70% vêm da
alimentação e 30% da atividade física. O maior erro das pessoas é
treinar demais e comer errado (fazer longos períodos de jejum ou
eliminar os carboidratos, que são o combustível das células). Muita
gente também diz que não se exercita porque, quando para, engorda tudo
de novo ou mais. Isso acontece porque esses indivíduos, ao se
movimentarem, acabam gastando mais calorias e comendo mais. Mas, quando
voltam ao sedentarismo, não diminuem a quantidade de comida, e aí ganham
peso.
Quem fez cirurgia de redução de estômago precisa fazer exercícios?
D’Elia: Após a operação, o obeso precisa adaptar
muitas coisas na vida. Com a liberação do médico, pode iniciar uma
caminhada e sessões de alongamento para se acostumar com o novo corpo. A
atividade física é extremamente necessária para essas pessoas, que são
grandes candidatas a problemas na coluna, nos joelhos e nas
articulações, entre outros.
Guiselini: Essa recomendação vale para quem fez
lipoaspiração também. E não é porque o estômago foi reduzido que as
células de gordura desapareceram. Elas continuam lá. Existem estudos que
mostram que, em cinco anos, até 70% das pessoas que fizeram cirurgia
bariátrica voltam a engordar, total ou parcialmente.
Qual é a maior dificuldade para um obeso perder peso sem cirurgia?
D’Elia: As pessoas gordas, em geral, precisam de um
motivo muito forte para emagrecer e alguém as acompanhando, senão fica
difícil continuar. Elas também têm que entender a importância da
reeducação alimentar e adotá-la. Além disso, devem encontrar um
atividade física que curtam.
Quanto tempo leva, em média, para um obeso ficar com um peso bom apenas se exercitando e comendo de forma saudável?
Guiselini: Os obesos mórbidos tendem a perder peso
mais rapidamente, porque têm mais gordura acumulada. Mas um obeso leve,
com índice de massa corporal (IMC) em torno de 30, pode perder, de forma
saudável, de 2 a 2,5 kg por mês. Dietas radicais demais nunca são
benéficas.
Quais os melhores exercícios para crianças? Como incentivar as crianças sedentárias a fazer uma atividade física?
D’Elia: É na infância que geralmente se forma o obeso
mórbido. A criança não deve ir para a academia nem precisa virar atleta,
mas tem que brincar muito e praticar esportes. Pode jogar futebol,
andar de bicicleta, nadar, fazer artes marciais (judô, caratê, capoeira)
ou dançar. As crianças mais obesas precisam de uma atenção ainda maior.
E os pais devem incentivar os filhos, observar o gosto deles, o perfil,
o que lhes dá prazer – da mesma forma como acompanham o desempenho
escolar. Onde há sorriso, é sinal de que está dando certo. E a casa é o
lugar onde você ensina, a família é o cerne de tudo.
Guiselini: Antigamente, as crianças eram muito mais
ativas, construíam carrinho de rolimã, brincavam na rua, caíam, se
machucavam. Hoje, elas jogam futebol pela internet, com outras mil
pessoas. E aí o corpo sofre. Para sair do sedentarismo, recomendo
pedalar, correr, jogar basquete, vôlei, futebol e outras atividades de
socialização.
Lembrando que a boa orientação na prática da atividade física faz a diferença!
Fonte:
www.g1.com.br