Rio de Janeiro - Para estimular pesquisas de combate à
desertificação na África, precisamente em regiões áridas e semiáridas,
um edital será lançado hoje (21) pelo Brasil em parceria com a França e a
Agência Pan-Africana da Grande Muralha Verde. O anúncio foi feito ontem
(20), em evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
O investimento será 1 milhão de euros em pesquisas e projetos,
visitas exploratórias à África e ao Brasil, além de eventos para a
transferência de tecnologia. A exigência é que os interessados integrem
instituições ou sejam pesquisadores dos três países, explicou o
presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva.
Segundo ele, instituições brasileiras como as universidades federais
da Bahia, do Ceará e de Pernambuco, por exemplo, já desenvolvem
pesquisas ou têm experiências no sertão brasileiro que podem ser
replicadas na África. Entre elas estão a instalação de poços, o
tratamento de água salobra, a gestão de produção animal e o
aproveitamento da vegetação típica.
Oliva acrescentou que a parceria quer ir além, incentivando a vinda
de estudantes africanos para cursos de mestrado e doutorado em diversas
áreas. "As soluções buscadas para o semiárido não são simplesmente de
irrigação, de levar água para a região seca. Isso passa pelo
aproveitamento das características econômicas da região e não só o uso
agriculturável da terra", disse.
O edital é voltado para países africanos francófonos (de fala
francesa), mobilizados desde 2010 pelo Instituto de Pesquisa para o
Desenvolvimento (IRD). O representante do órgão no Brasil, Jean-Loup
Guyot, explica que desde o seminário sobre desertificação organizado
pelo Brasil em 2010, pesquisadores de instituições africanas,
brasileiras e francesas demonstraram interesse na parceria.
"Estamos facilitando este primeiro momento Sabemos que o montante é
pequeno e que as metas são ousadas. Mas é um início, um começo, que
queremos fortalecer", disse o francês.
Na avaliação do presidente do CNPQ, a despeito das semelhanças
culturais entre o Brasil e a África, as diferenças linguísticas não
devem atrapalhar. "É uma questão de dois ou três meses. Somos todos
falantes de línguas latinas. É preciso prática".
Por Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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