São Paulo - A decisão judicial que garante o fornecimento gratuito de
sacolinhas nos supermercados agradou a muitos consumidores da capital
paulista. Para o o ambientalista Nelson Pedroso, da Associação Global de
Desenvolvimento Sustentado, essa é uma questão que deveria ser melhor
debatida na sociedade.
“Tem que ter sacolinha no mercado. Se a gente sai do serviço e, não
trouxer a sacolinha, não tem como levar [as compras]”, disse a doméstica
Maria Santana. A aposentada Aparecida Maria Silva Prado também defendeu
a volta das sacolinhas. “Acho um descaso [a falta de sacolinhas]. Já
pensou em você estar na rua e lembrar que precisa passar no mercado? Se
você estiver só com a bolsa terá que gastar mais um dinheirinho [para
levar as compras]”, reclamou.
Na última segunda-feira (25), a juíza Cynthia Torres Cristófaro, da 1ª
Vara Cível Central da capital paulista, determinou que os supermercados
retomem o fornecimento gratuito de embalagens adequadas e em quantidades
suficientes para que os consumidores possam transportar as compras. A
juíza estabeleceu o prazo de 48 horas, após recebimento da notificação,
para que os supermercados de São Paulo voltassem a disponibilizar as
sacolinhas.
Alguns consumidores abordados pela Agência Brasil
reclamaram também da falta de informação. Para eles, a alegação de que a
retirada das sacolinhas dos supermercados está contribuindo para o meio
ambiente não é suficiente, já que há muitos produtos nas prateleiras
dos supermercados, por exemplo, que também são feitos de material
plástico. “E o lixo na rua? Não vai dentro de um saco de lixo? E as
embalagens não são todas de plástico?”, argumentou o técnico de trânsito
Antero dos Santos Ferreira.
Para a dona de casa Maria Amélia França Ricota, neste debate, o
consumidor fica sem saber qual é a melhor opção. “Já me acostumei a
trazer sacola e carrinho. Isso é consciência. Fazemos o que estão
dizendo que é o melhor. Mas o povo tem que colocar o lixo em alguma
coisa. E eles usam a sacolinha para isso. Mas agora eles estão
precisando comprar saco [de lixo]. E aí não sai a mesma coisa? Saco [de
lixo] não é igual à sacolinha e polui da mesma forma? Os dois não vão
para o meio ambiente?”, questionou.
O cobrador de ônibus Tiago da Silva Alves apoia novas alternativas para
as sacolinhas. “O consumidor só foi prejudicado nessa de evitar as
sacolinhas plásticas. Os supermercados subiram os preços dos sacos de
lixo. Foi um meio de enganar o povo. Acho que se deveria incentivar o
uso de sacolinhas biodegradáveis. Um meio de evitar isso é fabricar
sacolinhas que, no meio ambiente, se decompõe mais rapidamente”, disse
ele.
Para a Associação Global de Desenvolvimento Sustentado, é preciso mais
discussão. “Defendo um olhar no meio ambiente com um olhar na questão do
direito da sociedade. Acho que poderia voltar [as sacolinhas]
gradativamente, mas olhando para o futuro para que haja um controle mais
adequado e até uma extinção desse produto”, defendeu o ambientalista
Nelson Pedroso, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, há várias alternativas às sacolinhas plásticas que
precisam ser estudadas. “Sob o ponto de vista do direito do consumidor,
os supermercados agregaram o custo dessas sacolinhas aos seus produtos e
acho que a discussão que cabe neste momento é como devolver para a
sociedade esse recurso da economia provocada pelo não-uso das sacolas
plásticas. Na Europa, esses recursos são investidos em fundos de
pesquisa para analisar alternativas para a questão.”
O ambientalista acrescentou ainda que é importante a população
continuar pensando em dar sua contribuição para o meio ambiente,
preferindo, neste primeiro momento, usar as sacolas reutilizáveis. “É
importante que a sociedade tenha a consciência de que os prejuízos que
as sacolinhas causam ao meio ambiente acabam no bolso do cidadão.”
“Mas se houver liberação desenfreada, de cima para baixo, sem uma
discussão apropriada e técnica, envolvendo a sociedade técnica e
ambientalistas, que promovam alternativas viáveis e técnicas, acho que
não teremos um futuro interessante para o conflito que está se instalado
ali. A saída é procurar todas as alternativas para se evitar o uso de
sacolas plásticas”, acrescentou Pedroso.
Por Elaine Patricia Cruz e Fernanda Cruz
Repórteres da Agência Brasil
Repórteres da Agência Brasil
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