Rio de Janeiro - Divulgar a cultura africana por meio de livros
específicos sobre o assunto é um dos objetivos do projeto de Pontos de
Leitura Temáticos: Ancestralidade Africana no Brasil, lançado na noite
de ontem (12) pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN).
De início serão dez pontos de Leitura espalhados pelas cinco regiões do
país, em capitais ou municípios do interior. Cada local terá 1,2 mil
livros, sendo a metade referente às temáticas ligadas à matriz africana.
Nos pontos haverá também o registro das histórias orais e a produção de
material bibliográfico para propiciar a troca de informações entre as
comunidades.
O presidente da FBN, jornalista e escritor Galeno Amorim, ressaltou a
importância de se divulgar a história e a cultura da África, continente
de onde veio grande parte da população brasileira, mas que até hoje
ainda é pouco estudado no sistema de ensino oficial.
“É preciso sempre lembrar que o Estado brasileiro tem uma dívida
histórica muito grande com o povo negro. O Brasil tem que fazer
políticas afirmativas e procurar formas de resgatar essa dívida. É no
campo da cultura que se enfrenta o racismo e se cria novas formas de
buscar maior integração da sociedade. E os livros têm papel
preponderante nesse processo”, disse.
O projeto é coordenado pela FBN, com a participação da Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e da Secretaria da
Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.
Amorim explicou que os pontos de leitura são menos institucionais que
as bibliotecas e podem ser instalados de maneira mais informal em locais
representativos para a comunidade, desde associações até centros
culturais ou religiosos. Após a implantação dos pontos de matriz
africana, haverá a continuidade do projeto, mas direcionado às
comunidades indígenas.
Durante a solenidade, na Biblioteca Nacional, também houve o lançamento do livro Contos e Crônicas do Mestre Tolomi,
escrito por Paulo Cesar Pereira de Oliveira, trazendo uma narrativa
sobre a tradição Yorubá, que veio para o Brasil com os escravos da
região onde hoje é a Nigéria e continua disseminada no país, seja por
meio da culinária, da cultura ou do idioma.
“Nós temos uma lei [federal], a 10.639 [de 2003], que obriga o ensino
da história da África e dos afro-descendentes na escola. E esse livro
visa justamente a contribuir com isso. São cinco contos localizados
dentro da tradição Yorubá, na Nigéria, e também um minidicionário
Yorubá-Português. Nós temos a lei, mas ela não está sendo aplicada.
Então esse livro vem como contribuição à aplicação da lei”, destacou.
Por Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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