Brasília – O Brasil pode comemorar os avanços da reforma
psiquiátrica, como a criação de Centros de Atenção Psicossocial (Caps),
de comunidades terapêuticas e de leitos exclusivos em hospitais gerais.
Entretanto, a existência de cerca de 200 manicômios no país demonstra
que ainda há muito o que ser feito, avaliou sexta-feira (18), Dia da Luta
Antimanicomial, o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães.
Em entrevista à Agência Brasil, ele avaliou que a
implantação de uma política que desconstrua o conceito de internação de
usuários de álcool e outras drogas encontra-se “no meio do caminho”.
Segundo Magalhães, não é fácil substituir, ainda que progressivamente, o
tradicional modelo do aprisionamento dessas pessoas por uma política
mais humanizada.
“Temos que comemorar a possibilidade do direito à vida e à saúde
desses pacientes”, disse, ao lembrar que o país conta com mais de 3 mil
leitos específicos para dependentes de álcool e outras drogas e 1.771
Caps de diferentes modalidades. “Esse é o caminho: um tratamento
humanizado, de qualidade e que precisa ser estendido”, completou.
Para o secretário, os manicômios representam segregação e não são
capazes de resolver o problema de forma efetiva. A saída, segundo ele,
deve ser o fortalecimento de uma rede articulada e que ofereça serviço
médico de qualidade. A ideia do governo é priorizar investimentos,
inicialmente, nas capitais e grandes regiões metropolitanas e,
posteriormente, expandir as ações para cidades de menor porte.
“Temos que ter a tranquilidade de assumir que ainda temos um longo
caminho a percorrer porque precisamos de novos serviços, precisamos
formar profissionais, especialmente médicos, o que demora muito. É um
movimento progressivo. O país não vai mais parar de fazer isso. Esse
modelo é viável, funciona bem e precisa de expansão, porque a demanda
está aumentando”, destacou.
Em 2010, quase dez anos depois da implantação da reforma psiquiátrica no país, a Agência Brasil visitou sete cidades para fazer um especial sobre o tema. A reportagem Retratos da Loucura procurou descobrir os diferentes estágios em que as mudanças propostas pelo governo se encontravam.
Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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