Brasília – A decisão da presidenta Dilma Rousseff de vetar 12 pontos do
novo Código Florestal foi bem recebida pelos ambientalistas na Câmara
dos Deputados. Em coletiva de imprensa, o líder do Partido Verde,
deputado Zequinha Sarney (PV-MA), considerou positivo o veto. “A
princípio, a presidenta cumpriu os seus compromissos de segundo turno
[das eleições de 2010]”.
Sarney ressaltou que os ambientalistas e o seu partido esperavam que a
presidenta vetasse integralmente o novo código, por considerarem que ele
é pior que o atual. Apesar disso, ele disse que, com os vetos parciais,
a presidenta avançou ao estabelecer diretrizes para a política
ambiental.
“O veto parcial é um complicador da clarificação jurídica da legislação
sobre o Código Florestal. Parece-nos que esse veto parcial foi feito
não pelo conteúdo, mas pelas preocupações políticas de não confrontar a
base no Congresso Nacional”.
Para o deputado Antônio Roberto (PV-MG), que integra a Frente
Ambientalista na Câmara, o principal avanço com os vetos foi o de não
conceder anistia a quem desmatou irregularmente. “Essa é a nossa grande
luta. Não faz sentido anistiar criminosos ambientais”.
Ele também considerou importante a garantia da recomposição de matas em
margens de rios e que o percentual obrigatório de reserva legal foi
mantido inalterado. “Não é o que o PV queria, mas é um avanço”.
A reação do relator da matéria na Câmara, autor do texto que foi
modificado hoje, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), foi ponderada. Para ele,
foi melhor que o veto tenha sido parcial e não ao texto todo. “Eu
ficaria triste se houvesse um veto total. Até mesmo porque há coisas que
não poderiam ser perdidas porque vem sendo discutidas no Congresso há
mais de três anos”.
Apesar disso, ele lembrou que o Congresso irá votar a medida provisória
(MP) que faz as mudanças no texto aprovado pelos deputados e pode
derrubar as alterações impostas pela presidenta. “A gente vai analisar,
aprovar o que for bom, e rejeitar aquilo que não atenda aos interesses.
Quem legisla é o Congresso”.
Na mesma linha, o presidente da bancada ruralista, deputado Moreira
Mendes (PSD-RO), evitou críticas diretas aos vetos. Ele reconhece que o
texto aprovado “saiu capenga” porque os deputados não podiam mais
acrescentar trechos ao que foi aprovado no Senado e quer uma nova
discussão sobre esse assunto. “As informações que temos é que a MP está
mais ou menos no mesmo caminho do projeto de lei que apresentamos logo
após a aprovação do Código Florestal”.
No entanto, Moreira Mendes e Paulo Piau acham que pode haver
enfrentamento entre os ruralistas e o governo no Congresso se houver
veto ao Artigo 1º do código, recompondo na o texto que foi aprovado
pelos senadores.
O artigo aprovado no Senado trata de princípios e diretrizes que devem
ser observados na lei ambiental. Para os deputados, esses princípios
trazem insegurança jurídica e, por isso, foram removidos do texto. “Se
ela vetou o Artigo 1º e vier na MP com os fundamentos aprovados no
Senado, vamos nos preparar para responder na Câmara. O artigo não pode
ter princípios porque aí cada juiz ou promotor vai interpretar como
quiser”, disse Moreira Mendes.
Já o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) considerou o veto “uma afronta ao
Congresso Nacional”. Ele anunciou, por meio de nota, que o DEM irá
entrar com um mandado de segurança na Justiça, além de uma questão de
ordem no plenário da Câmara, contra a MP.
Os detalhes sobre os vetos e as modificações que serão colocadas no
código por meio de medida provisória serão conhecidos na próxima
segunda-feira (28) no Diário Oficial da União.
Por Mariana Jungmann e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
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