Nelson Falcão Rodrigues (Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980) foi um importante dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro.
Nascido em Recife, Pernambuco, no ano de 1912. Mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro. Quando maior, trabalhou no jornal A Manhã,
de propriedade de seu pai. Foi repórter policial durante longos anos,
de onde acumulou uma vasta experiência para escrever suas peças a
respeito da sociedade. Sua primeira peça foi A Mulher sem Pecado,
que lhe deu os primeiros sinais de prestígio dentro do cenário teatral.
O sucesso mesmo veio com Vestido de Noiva, que trazia, em matéria de
teatro, uma renovação nunca vista em nossos palcos. A consagração se
seguiria com vários outros sucessos, transformando-o no grande
representante da literatura teatral do seu tempo, apesar de suas peças
serem taxadas muitas vezes como obscenas e imorais. Em 1962, começou a
escrever crônicas esportivas, deixando transparecer toda a sua paixão
por futebol. Veio a falecer em 1980, no Rio de Janeiro.
Infância
Nascido na capital de Pernambuco e quinto de quatorze irmãos, Nelson Rodrigues mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria por toda sua vida. Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, perseguido politicamente, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916, empregando-se no jornal Correio da Manhã, de propriedade de Edmundo Bittencourt.
Segundo o próprio Nelson em suas Memórias, seu grande
laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte da cidade.
Dos anos passados numa casa simples na rua Alegre, 135 (atual rua
Almirante João Cândido Brasil), no bairro de Aldeia Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.
Sua infância foi marcada por este clima e pela personalidade do garoto Nelson. Retraído, era um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época ocorreu também para Nelson a descoberta do futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.
Na década de 1920, Mário Rodrigues fundou o jornal A Manhã,
após romper com Edmundo Bittencourt. Seria no jornal do pai que Nélson
começaria sua carreira jornalística, na seção de polícia, com apenas
treze anos de idade. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte
entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente
romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas
crônicas futuras. Neste período a família Rodrigues conseguiria atingir
uma situação financeira confortável, mudando-se para o bairro de Copacabana, então um arrabalde luxuoso da orla carioca.
Apesar da bonança, Mário Rodrigues perderia o controle acionário de A Manhã para o sócio. Mas, em 1928, com o providencial auxílio financeiro do vice-presidente Fernando de Melo Viana, Mário fundou o diário Crítica.
Como cronista esportivo, Nelson escreveu textos antológicos sobre o Fluminense Football Club, clube para o qual torcia fervorosamente. A maioria dos textos eram publicados no Jornal dos Sports. Junto com seu irmão, o jornalista Mário Filho, Nelson foi fundamental para que os Fla-Flu
tivessem conquistado o prestígio que conquistaram e se tornassem
grandes clássicos do futebol brasileiro. Nelson Rodrigues criou e
evocava personagens fictícios como Gravatinha e Sobrenatural de Almeida para elaborar textos a respeito dos acontecimentos esportivos relacionados ao clube do coração.
Adolescência e juventude
Nelson seguiu os seus irmãos Mílton, Mário Filho e Roberto
integrando a redação do novo jornal. Ali continuou a escrever na página
de polícia, enquanto Mário Filho cuidava dos esportes e Roberto, um
talentoso desenhista, fazia as ilustrações. Crítica
era um sucesso de vendas, misturando uma cobertura política apaixonada
com o relato sensacionalista de crimes. Mas o jornal existiria por pouco
tempo. Em 26 de dezembro de 1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau, Jr. Ilustrada por Roberto e assinada pelo repórter Orestes Barbosa,
a matéria provocou uma tragédia. Sylvia, a esposa que se desquitara do
marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto com uma arma comprada naquele dia. Nelson testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois.
Mário Rodrigues, deprimido com a perda do filho, faleceu poucos meses
depois. Sylvia, apoiada pelas sufragistas e por boa parte da imprensa
concorrente de Crítica, foi absolvida do crime. Finalmente, durante a Revolução de 30, a gráfica e a redação de Crítica
são empastelados e o jornal deixa de existir. Sem seu chefe e sem fonte
de sustento, a família Rodrigues mergulha em decadência financeira.
Foram anos de fome e dificuldades para todos. Pouco afinados com o novo regime, os Rodrigues demorariam anos para se recuperarem dos prejuízos causados pela tuberculose.
Ajudado por Mário Filho, amigo de Roberto Marinho, Nélson passa a trabalhar no jornal O Globo, sem salário. Apenas em 1932 é que Nélson seria efetivado como repórter
no jornal. Pouco tempo depois, Nelson descobriu-se tuberculoso. Para
tratar-se, retira-se do Rio de Janeiro e passa longas temporadas em um
sanatório na cidade de Campos do Jordão.
Seu tratamento é custeado por Marinho, que conquistou a gratidão de
Nélson pelo resto de sua vida. Recuperado, Nelson volta ao Rio e assume a
seção cultural de O Globo, fazendo a crítica de ópera.
No O Globo, foi editor do suplemente O Globo Juvenil, além de editar Nelson roteirizou algumas história em quadrinhos para o suplemento, dentre elas uma versão de O fantasma de Canterville de Oscar Wilde.
Em 1940 casou-se com Elza Bretanha, sua colega de redação.
A partir da década de 1940, Nelson divide-se entre o emprego em O Globo e a elaboração de peças teatrais. Em 1941 escreve A mulher sem pecado, que estreou sem sucesso. Pouco tempo depois assina a revolucionária Vestido de noiva, peça dirigida por Zbigniew Ziembiński e que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com estrondoso sucesso.
O teatrólogo Nelson Rodrigues seria o criador de uma sintaxe toda
particular e inédita nos palcos brasileiros. Suas personagens trouxeram
para a ribalta expressões tipicamente cariocas e gírias da época, como "batata!" e "você é cacete, mesmo!". Vestido de noiva é considerada até hoje como o marco inicial do moderno teatro brasileiro.
Maturidade
Em 1945 abandona O Globo e passa a trabalhar nos Diários Associados. Em O Jornal, um dos veículos de propriedade de Assis Chateaubriand, começa a escrever seu primeiro folhetim, Meu destino é pecar, assinado pelo pseudônimo "Susana Flag". O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e estimulou Nelson a escrever sua terceira peça, Álbum de família.
Em fevereiro de 1946, o texto da peça foi submetido à Censura Federal e proibido. Álbum de família só seria liberada em 1965. Em abril de 1948 estreou Anjo negro, peça que possibilitou a Nelson adquirir uma casa no bairro do Andaraí e em 1949 Nelson lançou Doroteia.
Em 1950 passa a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, a Última Hora. No jornal, Nélson começa a escrever as crônicas de A vida como ela é, seu maior sucesso jornalístico. Na década seguinte, Nelson passa a trabalhar na recém-fundada TV Globo, participando da bancada da Grande Resenha Esportiva Facit, a primeira "mesa-redonda" sobre futebol da televisão brasileira e, em 1967, passa a publicar suas Memórias no mesmo jornal Correio da Manhã onde seu pai trabalhou cinquenta anos antes.
O fim
Nos anos 70, consagrado como jornalista e teatrólogo, a saúde de Nélson começa a decair, por causa de problemas gastroenteorológicos e cardíacos de que era portador. O período coincide com os anos da ditadura militar,
que Nelson sempre apoiou. Entretanto, seu filho Nelson Rodrigues Filho
torna-se guerrilheiro e passa para a clandestinidade. Neste período
também aconteceu o fim de seu casamento com Elza e o início do
relacionamento com Lúcia Cruz Lima, com quem teria uma filha, Daniela,
nascida com problemas mentais. Depois do término do relacionamento com
Lúcia, Nelson ainda manteria um rápido casamento com sua secretária
Helena Maria, antes de reatar seu casamento com Elza.
Nelson faleceu numa manhã de domingo, em 1980, aos 68 anos de idade, de complicações cardíacas e respiratórias. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. No fim da tarde daquele mesmo dia ele faria treze pontos na Loteria Esportiva,
num "bolão" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo". Dois
meses depois, Elza atendia ao pedido do marido — de, ainda em vida,
gravar o seu nome ao lado do dele na lápide de seu túmulo, sob a
inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. E é só".
Fonte: Wikipédia
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