São Paulo – Trabalho infantil e escravo foi explorado em fazendas de
algodão orgânico em Burkina Faso, na África, que fornecem para produtos
da grife britânica de lingeries Victoria's Secrets. A informação consta
em um relatório de 2008 sobre fazendas certificadas com selos de
comércio justo no país e confirmada por reportagem da agência
norte-americana Bloomberg News, publicada na sexta-feira (16/12).
O estudo de 2008 da Helvetas Swiss Intercooperation, organização
sediada em Zurique, sugere que "centenas, senão milhares" de crianças
poderiam estar vulneráveis a exploração em fazendas no país, na produção
de algodão empregado em cadeias produtivas de marcas importantes. O
produto era beneficiado e transformado em roupas em fábricas no Sri
Lanka e na Índia.
A jornalista Cam Simpson passou seis semanas no país e encontrou
casos como o de uma menina de 13 anos que trabalha junto da mãe em uma
propriedade na colheita do algodão. Segundo a reportagem, é o segundo
ano em que a adolescente trabalha no local.
A marca Victoria's Secret usa como marketing a informação de
que a maior parte do algodão provém de fazendas com certificação de
produção orgânica ou de comércio justo. Parte das roupas íntimas da
grife traz o percentual mínimo de "fibras orgânicas" que compõe a peça
vendida.
A empresa nega ter conhecimento do relatório de 2008. A federação de
fazendeiros de Burkina Faso, parceira comercial responsável por promover
os princípios orgânicos e de comércio justo, também rechaça a hipótese
de serem empregadas crianças nas colheitas.
Segundo a reportagem da Bloomberg, o caso mostra
fragilidades de certificações de comércio justo. O segmento teve
crescimento de 27% em 2010, alcançando US$ 5,8 bilhões. Parte do avanço
decorre justamente da promessa das marcas de que não há exploração de
trabalhadores em condições sub-humanas.
Neste ano, no Brasil, a marca espanhola Zara, da empresa Inditex, foi
acusada de explorar trabalho escravo no interior de São Paulo.
Imigrantes bolivianos estavam entre as pessoas libertadas por fiscais do
Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego. A
companhia ainda negocia um termo de ajuste de conduta (TAC) com os
promotores que acompanham o caso e viu sua imagem ser desgastada pelo
amplo alcance internacional da notícia.
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