São Paulo - Pesquisa feita pelo Serviço de Neurocirurgia do Hospital de
Transplantes do Estado de São Paulo mostra que 62% dos pacientes que
sofreram aneurismas cerebrais fumavam regularmente. O estudo analisou
250 casos nos últimos dois anos. O levantamento destaca que os fumantes
são até dez vezes mais propensos a apresentar hemorragias cerebrais
causadas pelos aneurismas. O fumo, de acordo com a pesquisa, está
diretamente ligado ao surgimento de casos em pacientes que já trataram
do aneurisma ou que ainda enfrentam o problema.
Segundo Rafael Vicente Alves, neurocirurgião do Hospital de
Transplantes do Estado de São Paulo, toxinas do cigarro enfraquecem uma
proteína fibrosa e flexível, chamada de elastina, encontrada na parede
dos vasos sanguíneos. A fragilidade da proteína facilita a ocorrência de
um aneurisma – espécie de embaulamento do vaso – que ocorre quando há
dilatação anormal de uma artéria ou veia do cérebro. O sangramento
causado pelo rompimento desse vaso pode levar o paciente à morte.
“A doença é traiçoeira. Normalmente o paciente descobre que tem
aneurisma quando ele sangra, e é um sangramento muito grave. Cerca de 12
a 15% dos pacientes evoluem para para o óbito antes mesmo de chegar ao
hospital”, explica.
Segundo o médico, dos pacientes que sobrevivem, cerca de 50% vão
conviver com algum tipo de sequela grave. O aneurisma é mais comum nas
mulheres, devido a fatores hormonais. No Hospital de Transplantes,
aproximadamente 80% dos casos em tratamento de aneurisma são em
mulheres.
Para tratar do aneurisma é necessária a intervenção cirúrgica. Na
técnica chamada de embolização endovascular, o paciente é operado com um
pequeno furo feito, geralmente, próximo à virilha. Pela incisão, o
material cirúrgico percorre os vasos do paciente até o local exato do
aneurisma para preencher o espaço rompido. No entanto, há casos que
precisam ser tratados pelo modo convencional, em que há abertura do
crânio.
Além do cigarro, colaboram para o surgimento de aneurismas a
hipertensão arterial, o diabetes, as alterações de colesterol, o consumo
de álcool e as doenças infecciosas inflamatórias. “As pessoas têm de
trabalhar em fatores que elas conseguem controlar. Controle de pressão, o
diabetes, as alteração de gorduras no sangue, evitar álcool, e não só
não fumar, mas também não conviver com pessoas que fumam, para evitar
fumar passivamente”, ressalta o médico.
Por Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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