Brasília - O secretário nacional de Articulação Social, Paulo
Maldos, manifestou ontem (23) indignação com a ação da Polícia Militar
(PM) de São Paulo durante as tentativas de reintegração de posse na
ocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Ontem (22), Maldos
foi atingido por uma bala de borracha disparada por policiais militares
após tentar dialogar com oficiais da PM.
Há dois dias que moradores e a PM estão em confronto por causa da
reintegração de posse do terreno. A polícia atirou bombas de gás
lacrimogêneo e disparou balas de borracha para conter as pessoas que
resistiam à reintegração. “A comunidade de Pinheirinho foi agredida de
forma brutal”, disse o secretário.
Maldos foi designado pela Secretaria-Geral da Presidência da
República para dialogar com a comunidade e o governo do estado. “Fui ver
as perspectivas para construir um programa habitacional para aquela
comunidade. Fui passar o dia para conversar sobre a possibilidade de
verticalização, construção de prédios”.
Quando chegou ao município, por volta das 8h desse domingo, o
secretário foi informado de que havia forças policiais no local. Segundo
ele, houve tentativa de diálogo com os policiais da Tropa de Choque da
PM de São Paulo. “Ouvi os gritos dos policiais dizendo para eu voltar.
Peguei um cartão da Presidência da República, mas recebi armas apontadas
para mim”.
Após recuar e conversar com moradores, Maldos disse que a PM começou
a lançar bombas de gás lacrimogêneo. De acordo com ele, não houve
nenhum tipo de provocação dos manifestantes. “Estavam todos perplexos
com aquela situação. Quando estava de costas, recebi tiros dados pela
Tropa de Choque, que me atingiram na perna. Tenho militância há algumas
décadas e é a primeira vez que sou agredido dessa forma”.
Desde o início da manhã de ontem (22), a PM cumpre uma ordem da
Justiça Estadual para retirar cerca de 9 mil pessoas que vivem no local
há sete anos e 11 meses. O terreno integra a massa falida da empresa
Selecta, do investidor Naji Nahas. A Justiça Federal decidiu pela não
desocupação do terreno, mas a polícia manteve a reintegração obedecendo
ordem da Justiça Estadual.
Representantes da Secretaria de Direitos Humanos, que também
estiveram no local, registraram imagens de outra ação imprópria da
Polícia Militar. De acordo com o secretário, muitos moradores foram
levados a uma igreja. Na noite de ontem (22), um carro da PM parou em
frente ao local e atirou bombas de gás nas famílias. “Atiraram também
contra a Polícia Rodoviária Federal”.
Segundo Maldos, havia um acordo entre os governos federal, estadual e
municipal que estabelecia 15 dias de trégua para criar uma proposta
para os moradores. Além disso, há uma decisão da Justiça Federal que
suspende a reintegração de posse. “Houve uma agressão ao pacto
federativo. Tínhamos esses dois acordos, que para mim era incompatível
com aquela realidade de presença militar ostensiva”.
O governo de São Paulo e a Polícia Militar ainda não se manifestaram
sobre a truculência da operação policial no Pinheirinho. Segundo
Maldos, o governo federal permanece aberto ao diálogo e não vai mudar a
forma de lidar com a situação.
Por Daniella Jinkings - Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário nesta postagem!