quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ensino médio: um debate oportuno e necessário!



Não é de hoje que a APEOESP debate esse tema. Nos anos 2000 e 2001 o Sindicato desenvolveu uma ampla mobilização contra a reforma do ensino médio pretendida pela então secretária estadual de Educação, seguindo uma linha educacional definida pelo Ministério de Educação. Naquele momento a mobilização dos professores, dos estudantes, de outros segmentos da comunidade escolar e setores sociais conseguiu barrar aquela reforma, que empobreceria o currículo e aumentaria ainda mais a separação entre formação geral e profissional dos estudantes do ensino médio.
Esse tema é, hoje, mais atual do que nunca. Alguns fatos muito recentes, como a elaboração das novas diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (que aguardam homologação ministerial) e o lançamento do Programa REDE Ensino Médio Técnico, do Governo do Estado de São Paulo, recolocaram a discussão na pauta.
Também os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) demonstram a pertinência desse debate. Pela primeira vez, a metodologia do ENEM permite comparar resultados de ano para outro, nesse caso, entre 2009 e 2010. Ao analisar esses resultados, os meios de comunicação destacaram aspectos diferenciados, que se complementam, expondo um quadro no qual o ensino médio, sobretudo no Estado de São Paulo, desponta sem identidade, sem atrativos e sem apresentar para os estudantes, o que se reflete no rendimento escolar.
Os maiores jornais do país apontam a queda nas notas médias dos estudantes das escolas privadas consideradas de “elite” no Estado de São Paulo, assim como das escolas públicas estaduais. Também mostram que as escolas públicas de ensino médio do Estado de São Paulo perdem espaço no ranking geral e também em relação a outros estados da Federação.
Outra informação, entretanto, perdeu espaço na mídia frente ao noticiário que dá maior relevância aos aspectos que apontamos acima. Trata-se do crescimento da média nacional dos estudantes nas provas objetivas, que subiu 1,91% entre 2009 e 2010. Esse crescimento, segundo o Ministério da Educação, superou um pouco as expectativas, já demonstrando resultados da maior atenção que tem sido dada a esse nível de ensino.
Obviamente os resultados do ENEM requerem uma análise minuciosa e criteriosa, para que deles os gestores da educação nacional, em suas diferentes esferas, possam tirar todas as consequências, aprimorando as políticas educacionais e melhorando a qualidade do ensino.
O Brasil, no nosso entendimento, está dando passos importantes ao consolidar uma concepção de ensino médio como uma articulação entre cultura, ciência e tecnologia e, assim, como a combinação necessária entre formação geral e profissional dos estudantes. As novas diretrizes curriculares para o ensino médio, com pequenos ajustes, representam um avanço muito grande nessa direção. É preciso formar cidadãos e cidadãs, capacitando-os para a continuidade dos estudos, se o desejarem, para o mundo do trabalho e para a vida.
Por isso, o debate sobre o ensino médio não pode ficar restrito a especialistas. Ele deve ganhar espaço em toda a sociedade, para que seu currículo, suas metodologias, seus tempos e espaços reflitam, de fato, o que desejam as famílias, os jovens, os setores produtivos e, assim, possa contribuir efetivamente para o desenvolvimento do país.

Escrito por: Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta da APEOESP e membro do Conselho Nacional de Educação


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