Não é de hoje que a APEOESP debate esse tema. Nos anos 2000 e 2001 o
Sindicato desenvolveu uma ampla mobilização contra a reforma do ensino
médio pretendida pela então secretária estadual de Educação, seguindo
uma linha educacional definida pelo Ministério de Educação. Naquele
momento a mobilização dos professores, dos estudantes, de outros
segmentos da comunidade escolar e setores sociais conseguiu barrar
aquela reforma, que empobreceria o currículo e aumentaria ainda mais a
separação entre formação geral e profissional dos estudantes do ensino
médio.
Esse tema é, hoje, mais atual do que nunca. Alguns fatos muito
recentes, como a elaboração das novas diretrizes curriculares nacionais
para o ensino médio, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (que
aguardam homologação ministerial) e o lançamento do Programa REDE Ensino
Médio Técnico, do Governo do Estado de São Paulo, recolocaram a
discussão na pauta.
Também os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
demonstram a pertinência desse debate. Pela primeira vez, a metodologia
do ENEM permite comparar resultados de ano para outro, nesse caso, entre
2009 e 2010. Ao analisar esses resultados, os meios de comunicação
destacaram aspectos diferenciados, que se complementam, expondo um
quadro no qual o ensino médio, sobretudo no Estado de São Paulo,
desponta sem identidade, sem atrativos e sem apresentar para os
estudantes, o que se reflete no rendimento escolar.
Os maiores jornais do país apontam a queda nas notas médias dos
estudantes das escolas privadas consideradas de “elite” no Estado de São
Paulo, assim como das escolas públicas estaduais. Também mostram que as
escolas públicas de ensino médio do Estado de São Paulo perdem espaço
no ranking geral e também em relação a outros estados da Federação.
Outra informação, entretanto, perdeu espaço na mídia frente ao
noticiário que dá maior relevância aos aspectos que apontamos acima.
Trata-se do crescimento da média nacional dos estudantes nas provas
objetivas, que subiu 1,91% entre 2009 e 2010. Esse crescimento, segundo o
Ministério da Educação, superou um pouco as expectativas, já
demonstrando resultados da maior atenção que tem sido dada a esse nível
de ensino.
Obviamente os resultados do ENEM requerem uma análise minuciosa e
criteriosa, para que deles os gestores da educação nacional, em suas
diferentes esferas, possam tirar todas as consequências, aprimorando as
políticas educacionais e melhorando a qualidade do ensino.
O Brasil, no nosso entendimento, está dando passos importantes ao
consolidar uma concepção de ensino médio como uma articulação entre
cultura, ciência e tecnologia e, assim, como a combinação necessária
entre formação geral e profissional dos estudantes. As novas diretrizes
curriculares para o ensino médio, com pequenos ajustes, representam um
avanço muito grande nessa direção. É preciso formar cidadãos e cidadãs,
capacitando-os para a continuidade dos estudos, se o desejarem, para o
mundo do trabalho e para a vida.
Por isso, o debate sobre o ensino médio não pode ficar restrito a
especialistas. Ele deve ganhar espaço em toda a sociedade, para que seu
currículo, suas metodologias, seus tempos e espaços reflitam, de fato, o
que desejam as famílias, os jovens, os setores produtivos e, assim,
possa contribuir efetivamente para o desenvolvimento do país.
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