Mais uma vez o secretário da Educação do Estado de São Paulo vai à
imprensa para atacar a APEOESP e divulgar falsas versões sobre a luta
pela aplicação da composição da jornada docente prevista na lei
11.738/08 (lei do piso salarial profissional nacional), na rede estadual
de ensino.
Em suas declarações, o secretário acusa a APEOESP de manipular os
professores e diz que nosso movimento tem motivação eleitoral, por
estamos em ano de eleições municipais. Esse tipo de declaração mostra
que se esgotaram os argumentos do governo no que se refere ao tema em
disputa (a jornada da lei do piso) e, agora, quer tentar desqualificar a
nossa entidade e os professores.
O argumento do “ano eleitoral” é uma sinfonia antiga que sempre
escutamos. A cada dois anos temos eleições no nosso país e todos nós
sabemos que a disputa eleitoral e praticamente contínua entre os
partidos políticos. Submeter as lutas dos trabalhadores ao calendário
eleitoral significaria, no limite, não realizar movimento algum, em
momento algum, pois sempre estaremos “errados”. Certamente é isto que
deseja o governo do PSDB.
Quanto à manipulação, quem a tem realizado é a Secretaria da
Educação. Primeiro, editando uma resolução – por pressão da justiça, que
lhe dera 72 horas para fazê-lo, em janeiro – sem, entretanto, cumprir a
liminar conquistada pela APEOESP para que a lei fosse aplicada. Em
segundo lugar, manipula números para tentar justificar porque reduziu
apenas uma aula (de 33 para 32) quando admitiu nos próprios autos do
processo judicial que até então o Estado destinava apenas 17% da jornada
de trabalho para atividades do professor fora da sala de aula.
A Secretaria da Educação tenta ainda manipular a opinião pública
divulgando números grandiosos sobre gastos com contratação de muitos
milhares de professores (caso cumprisse a lei), o que não corresponde à
verdade. Estudos realizados pelo DIEESE/CEPES da APEOESP mostram que o
número de contratações necessárias seria muito menor ou, ainda, poderiam
ser supridas pelo aumento da carga horário dos professores não-efetivos
que já estão na rede. Aliás, o governo diz que cumpre a lei, mas
divulga altas cifras para justificar porque não a pode cumprir. É
realmente curioso.
Tenta manipular também a mídia, os professores e a população em geral
quando diz que são vitoriosos na justiça. Não é verdade. A APEOESP é
detentora de uma sentença favorável ao seu mandado de segurança
coletivo, assinada pelo Juiz Luiz Fernando Camargo de Barros Vidal, da
3ª Vara da Fazenda Pública, mandando cumprir a lei de forma correta. O
que a Secretaria da Educação tem conseguido é tão-somente a concessão de
despachos provisórios, protelatórios do cumprimento da sentença. A
APEOESP acompanha todos esses movimentos do governo do Tribunal de
Justiça e já ingressou com recurso contra a última decisão, que concedeu
o efeito suspensivo da sentença.
A batalha jurídica ainda pode prosseguir, pois, diante de qualquer
revés no TJSP, vamos recorrer aos tribunais superiores em Brasília
(Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal).
A Secretaria da Educação também manipula os fatos quando afirma que a
APEOESP não dialogou sobre a questão da jornada do piso, recorrendo
logo à justiça. Nada mais falso. Temos documentos que provam que já em
maio, tão o logo o STF derrubou a Ação Direta de Inconstitucionalidade
que cinco estados, com o apoio do governo paulista, moveram contra a lei
11.738/08, solicitamos da SEE que aplicasse a lei. A SEE disse que o
faria quando o Acórdão do julgamento fosse publicado. Isto ocorreu em 23
de agosto de 2011, mas nada aconteceu. Depois de insistirmos para
pautar este assunto diversas vezes, não nos restou alternativa senão
recorrer à justiça. Uma vez ganha a liminar, governador e secretário
afirmaram que a cumpririam, mas recorreram em dezembro de 2011 ao
presidente do TJ e perderam.
A chamada jornada do piso (com 26 aulas e 14 horas de atividades
extraclasses na jornada integral) não é importante só para os
professores, que terá mais tempo para se formar, se atualizar, preparar
aulas, formular e corrigir provas e trabalhos, mas também para os
estudantes, que terão acesso a aulas com mais qualidade.
Quem está remando contra a maré da qualidade do ensino e da
valorização do magistério é a Secretaria Estadual da Educação. Por isso
vamos realizar greve nos dias 15, 15 e 16 de março e, no dia 16,
realizaremos uma grande assembleia às 14 horas no Palácio dos
Bandeirantes para decidirmos a continuidade da greve.
Por Maria Izabel Azevedo Noronha
Professora da rede estadual de ensino
Presidenta da APEOESP
Membro do Conselho Nacional de Educação
Membro do Fórum Nacional de Educação
Professora da rede estadual de ensino
Presidenta da APEOESP
Membro do Conselho Nacional de Educação
Membro do Fórum Nacional de Educação
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