Brasília - O presidente da Associação Nacional de Exportadores de Sucos
Cítricos (Citrus-BR), Christian Lohbauer, reuniu-se ontem 31/01 com
representantes de ministérios para pedir que o governo assuma o papel de
interlocutor, junto às autoridades americanas, na solução do problema
gerado desde que a Agência Americana de Drogas e Alimentos (FDA, na
sigla em inglês) anunciou que uma empresa americana detectou baixas
quantidades do fungicida carbendazim no suco de laranja comprado do
Brasil.
Lohbauer disse que os Ministérios da Agricultura, de Relações
Exteriores e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, já têm
um grupo que examina o assunto desde que ele veio à tona e que, nas
próximas semanas, representantes de cada pasta se reunirão com
autoridades americanas de diferentes áreas para tratar o caso. “Vai ser
um esforço muito mais político do que técnico, porque a posição técnica
já foi toda conversada”.
Embora o carbendazim seja aceito nos outros mercados, está proibido nos
Estados Unidos desde 2009 e a detecção do produto no suco brasileiro
foi considerado pelos americanos como uma violação das regras, explicou
Lohbauer. Após se reunir no Ministério da Agricultura com o secretário
executivo, José Carlos Vaz, e o de Relações Internacionais, Célio Porto,
ele disse acreditar numa solução a curto prazo.
“A ninguém interessa que o suco brasileiro não entre nos Estados
Unidos. É uma questão eminentemente técnica e legal. Não há o interesse,
por exemplo, de proteger o mercado interno ou o produtor americano,
porque o suco brasileiro é necessário na cadeia produtiva americana, não
há outro fornecedor mundial com a proporção do suco brasileiro que
forneça para os EUA”, disse Porto.
Lohbauer garantiu que desde a primeira semana de janeiro a indústria
brasileira suspendeu o uso do carbendazim em suas lavouras e que um
trabalho de divulgação deve ser feito com os demais produtores. O
projeto apresentado pela indústria é de uma carência de 18 meses para
que 100% do produto brasileiro chegue ao mercado americano sem nenhum
resíduo do fungicida proibido lá.
Em relação ao que já foi enviado aos Estados Unidos, que pode
ultrapassar 30 mil toneladas do produto, a lei americana prevê duas
alternativas: incineração ou reexportação para outros mercados. Lohbauer
disse que nenhum exportador deve optar pela incineração. Apesar de
aceitar a retirada do fungicida das lavouras brasileiras, o presidente
da Citrus-BR disse que não houve falha do produtor nacional.
“O produto está dentro da lei brasileira, todos os outros mercados
aceitam. O citricultor não fez nada de errado, a indústria não fez nada
de errado. O fato é que a maneira como nós fazemos a medição e o
monitoramento da substância não foi suficiente pra evitar que um índice
mínimo fosse detectado nos Estados Unidos. A agência americana já
oficializou que isso não traz problema para a saúde, então todo suco
brasileiro está apto para consumo humano, mas a gente enfrenta uma
questão legal”, disse Lohbauer.
O carbendazim é uma das três substâncias usadas em rotação nas lavouras
brasileiras de laranja para combater os fungos que a atacam. A solução é
a substituição por outro, ainda a ser escolhido, e que, segundo
Lohbauer, ainda não existe em quantidade suficiente no mercado
brasileiro.
Segundo a Citrus-BR, o Brasil exporta cerca de 1,2 milhão de toneladas
equivalentes de suco de laranja por ano a um valor de US$ 2 bilhões.
Cerca de 70% disso vai para a União Europeia e 13% para os Estados
Unidos. No entanto, 55% das importações americanas de suco de laranja
têm origem brasileira. Lá, o suco brasileiro é misturado a sucos de
outras procedências, de dentro do país e do México, para dar mais cor e
gosto ao produto comercializado.
Por Agência Brasil
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