Brasília – Começa hoje (14) na TV aberta a campanha contra a aids no
carnaval. O vídeo é apresentado por dois jovens - um homem e uma mulher
- que falam sobre a doença e apresentam dados. Não há um casal
homossexual, como o vídeo postado no site do Ministério da Saúde e retirado em seguida.
Na semana passada, a pasta tirou do site do Departamento de DST (doenças sexualmente transmissíveis), Aids e Hepatites Virais o vídeo com um casal gay
trocando carícias em uma boate. O ministério alegou que a peça faz
parte da campanha, mas para ser veiculada somente em ambientes fechados e
frequentados pelo público-alvo da edição deste ano, os jovens gays de 15 a 24 anos. Foi um erro, segundo a pasta, ter disponibilizado o vídeo no site. A retirada gerou críticas de entidades da sociedade civil de combate à aids e é vista como um recuo do governo.
No vídeo para a rede nacional de TV, os jovens falam sobre a
incidência da aids, o aumento de 10% de casos da doença entre os jovens gays e o uso regular de preservativos por apenas 43% dos jovens.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explicou que a mensagem dá
prioridade aos dados epidemiológicos e busca sensibilizar a juventude
para o fato de que a aids não tem cura. A ideia, segundo ele, é usar
estratégias de comunicação diferentes para a população em geral e o
público gay.
“O conteúdo que queremos passar na TV aberta para o conjunto da
sociedade não era possível fazer naquela estratégia de vídeos para o
público específico”, disse.
Segundo Padilha, o vídeo colocado no site do ministério com o casal gay,
retirado em seguida, nunca foi cogitado para transmissão na rede
nacional de televisão. O ministério chegou a informar em sua página que
os filmes para TV e internet iriam apresentar homens gays
e um casal heterossexual prestes a ter relação sexual sem camisinha.
Então, personagens – uma fadinha e um siri – surgiriam trazendo o
preservativo. As informações não constam mais do portal.
“Foi um erro, tanto que determinei a retirada imediata. Aquele vídeo
nunca foi pensado para ser colocado na TV aberta”, explicou.
O filme removido mostra um casal homossexual trocando carícias em
uma boate e quando decide ter uma relação sexual, uma fadinha aparece
com o preservativo. O conceito da campanha é “Na empolgação, pode rolar
de tudo. Só não rola sem camisinha. Tenha sempre a sua”.
Para o presidente do Fórum de Organizações Não Governamentais Aids
de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, o vídeo para a televisão aberta é
burocrático e não cativa o público-alvo. Ele discorda da decisão do
governo de produzir material diferenciado para a TV aberta e os
ambientes segmentados, além de defender a veiculação do filme com o
casal gay na rede nacional de televisão.
“Não faz o menor sentido. Vão interromper uma festa [ na boate] para
colocar o vídeo”, disse. “É totalmente fora de foco. É falta de encarar
o problema de frente”.
A organização pretende ingressar com uma denúncia no Ministério
Público Federal contra o ministério, alegando desperdício de dinheiro
público, e recorrer também a organismos internacionais de direitos
humanos.
Por Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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