Rio de Janeiro - Cultivo de hortas orgânicas, mobilização comunitária
para realização de eventos, fortalecimento do comércio local e
utilização de transportes coletivos e de bicicletas. Esses e outros
exemplos de práticas sustentáveis encontradas em favelas cariocas serão
apresentados em um vídeo que está sendo produzido pela organização não
governamental (ONG) Comunidades Catalisadoras (Comcat). As imagens serão
exibidas durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que ocorrerá
em junho, no Rio de Janeiro.
A Comcat é uma organização sediada na capital fluminense que
trabalha para dar visibilidade às soluções comunitárias, promovendo
treinamento de agentes sociais em comunicação e estratégia.
De acordo com a filósofa Roseli Franco, diretora de redes da Comcat,
o objetivo da iniciativa, intitulada Favela como Modelo Sustentável é
despertar um processo de conscientização sobre os valores positivos das
favelas e compartilhar com toda a sociedade formas de se preservar o
meio ambiente em ações cotidianas. Ela ressaltou que a maior parte
dessas boas práticas de sustentabilidade surge nas favelas de forma
orgânica, devido às necessidades dos moradores.
“O Rio de Janeiro é a cidade com o maior número de pessoas morando
em favelas, pouco mais de 1,3 milhão de habitantes, cerca de 22% da
população total. Essas pessoas são, em sua grande maioria, os
trabalhadores que fazem a cidade funcionar ao prestarem inúmeros
serviços essenciais. São não apenas as empregadas domésticas, mas também
os motoristas dos ônibus, os office boys dos bancos, entre muitos outros”, destacou.
Para Roseli Franco “já não é aceitável” que quase um quarto da
população carioca continue vivendo “sob o estigma de favelado”. “Esta
percepção alimenta uma mentalidade antidemocrática, limitada e limitante
que não considera todos os habitantes da cidade cidadãos plenos”,
acrescentou.
A diretora de redes da Comcat informou ainda que um outro vídeo está
sendo produzido para ser apresentado durante a Cúpula dos Povos, o Favela Faz Parte.
Nesse projeto serão apresentadas carências na área de urbanização que
impedem que as favelas se tornem, efetivamente, bairros sustentáveis.
“O objetivo é também cobrar dos governos uma intervenção maior nesses territórios que fazem parte da cidade”, explicou.
Os vídeos serão roteirizados e produzidos pela equipe da Comcat em
conjunto com as lideranças comunitárias. Para selecionar as práticas que
serão apresentadas, a ONG está recebendo sugestões de imagens enviadas
por representantes e moradores das favelas cariocas.
Por Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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