Rio de Janeiro – As crianças brasileiras com até 13 anos que vivem com
HIV/Aids terão em breve um antirretroviral infantil, de administração
mais simples. O medicamento está sendo desenvolvido há três anos pela
Farmanguinhos, unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz).
A previsão é que o medicamento já esteja pronto para fabricação em
2015, mas os testes em humanos devem começar no segundo semestre deste
ano, em seis centros de pesquisas nos estados de Minas Gerais, do Rio de
Janeiro e de São Paulo. Em vez de três, a criança poderá tomar somente
um comprimido, que terá uma formulação adocicada, de sabor agradável,
para disfarçar o gosto amargo original do remédio. Além disso, o
comprimido será dispersível, para ser dissolvido na água.
Segundo a farmacêutica do Departamento de Pesquisas Clínicas da
unidade, Marli Melo da Silva, que participa da coordenação do estudo
clínico, a combinação também reduz os custos operacionais no processo
produtivo, e fica mais fácil dispensar, transportar, armazenar e
administrar o medicamento.
“Outra vantagem é que essa formulação dispersível dá mais garantia
sobre a dose de princípio ativo, ao contrário do que ocorre quando se
divide comprimidos para as crianças”, disse a pesquisadora, que explicou
também que, hoje, as drogas prescritas para a população infantil são as
mesmas ministradas em adultos, sendo a diferença a diminuição da
dosagem, que varia de acordo com o peso, sem considerar a complexidade
do metabolismo dos pacientes pediátricos.
O medicamento combinará em um único comprimido três princípios ativos –
a lamivudina 30 miligramas + zidovudina 60 miligramas + nevirapina 50
miligramas. A medicação será dissolvida em uma pequena quantidade de
água para ser ingerida.
Atualmente, o Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS) distribui 16 tipos
de antirretrovirais para os pacientes infantis, que variam em
apresentação farmacêutica e concentração de acordo com a faixa etária. A
maioria dessas drogas não foi estudada em populações pediátricas e
somente tem registro na Anvisa para adultos ou crianças acima de
determinadas idades.
Dados preliminares, divulgados pelo Ministério da Saúde em 2010,
revelam que de 1980 a 2010 o Brasil registrou aproximadamente 14 mil
casos de HIV em indivíduos menores de 13 anos. Atualmente, estima-se que
cerca de 4 mil crianças nessa faixa etária estejam em terapia
antirretroviral. Ainda segundo o ministério, esses números têm caído
gradualmente ao longo dos últimos cinco anos. Em todo o mundo, há
aproximadamente 2,5 milhões de pessoas menores de 15 anos vivendo com o
vírus HIV.
Por Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
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